12 de março de 2011


Pu l'è avnù e' sòul*


na semana passada visitei a Trama e, em cedências de gulosice, saí de lá com O Mel. cheio de histórias de gente verdadeira e versos maiores.



CANTO DÉCIMO PRIMEIRO

Anteontem primeiro domingo de Novembro
a névoa podia cortar-se à faca.
As árvores brancas da geada e as estradas e planícies
pareciam cobertas por lençóis. Depois apareceu o sol *
enxugando o universo e somente as sombras
permaneceram banhadas.

Pinela, o camponês, atava as cepas
com ervas secas que segurava entre as orelhas.
Enquanto trabalhava falei-lhe da cidade,
da minha vida que passara num relâmpago
do meu terror à morte.

Aí silenciou todos os rumores que fazia com as mãos
e só então se ouviu um pequeno pardal cantando ao longe.
Disse-me: medo porquê? A morte nem sequer é maçadora,
apenas vem uma vez.


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